GODARD DA BOCA DO LIXO É A... - Textos de Carlos Reichenbach para São Paulo Shinbum

Dá para entender porque o poeta Orlando Parolini era um dos ícones do melhor cinema de Don Carlone. Foi ele que deu a Jairo Ferreira (1945-2003) a chance de se tornar o principal arauto do cinema de invenção.

Resumo da ópera. Crítico e poeta, Parolini trabalhava no São Paulo Shinbum, diário da colônia japonesa paulistana, que existe até hoje, com uma coluna sobre cinema, que tratava quase essencialmente de cinema japonês e dos lançamentos que ocorriam nos cinemas da Liberdade.. Em meados de 1966, passou a dividir a coluna com um rapaz cineclubista, chamado Jairo Ferreira. A coisa ficou assim até meados de 1967, quando Jairo passou a assinar a coluna sozinho.

Por sua vez, quando se ausentava da coluna para trabalhar em alguns filmes (como assistente ou fazendo o still), Jairo abria espaço para outros ilustres cineclubistas e cinéfilos – por coincidência, quase todos marcados pelo cinema japonês – como Marcio Souza (ou Machado Penumbra, como assinava seus textos), João Batista de Andrade, Jean-Claude Bernardet e Inácio Araújo. Ah, sim, e um certo Carlos Reichenbach.

Em 2006, Alessandro Gamo organizou um livro para a Coleção Aplauso com textos de Jairo Ferreira e comparsas, Críticas de invenção : os anos do São Paulo Shimbun (São Paulo : Imprensa Oficial / Fundação Padre Anchieta, 2006). É deste livro que retiramos algumas colaborações de Carlos Reichenbach para o jornal. Divirtam-se.

 

3 filmes, 3 senhores filmes

29 de janeiro de 1970

Na praça, Beijos Roubados, o mais pessoal dos filmes de François Truffaut. A priori, um filme-poema, onde a crônica é o método. O diretor retoma o personagem de Os Incompreendidos, e do seu episódio em O Amor aos Vinte Anos. Antoine, não mais um menino desajustado e adolescente disponível, engaja-se no exército na total isenção de ânimo para enfrentar o mundo desinteressante, mas é mandado de volta a seu quartinho, visto não encontrar na caserna solução para seu “desequilíbrio”. Do seu mundinho particular Antoine se faz homem. Reencontra Cristine, uma antiga namorada, mas ela também já é mulher, o que a torna muito desinteressante também. De zelador à detetive, o herói vem a conhecer uma mulher madura, personalíssima (brilhantemente vivida por Delphine Seyrig). Um novo rumo se abre para Antoine. Uma aventura, uma manhã e o outono ganhando Paris. Obra simples, limpa e aquele charme que Truffaut adquiriu através de sua admiração por Hitchcock, Renoir, Nick Ray e Max Ophuls. Baisers Volés é uma homenagem ao bom gosto e à sensibilidade. A notar, a memorável fotografia de Denys Clerval, e a escolha da melodia Que Reste-til de Nous Amour, do mestre Trenet. E se não bastasse, trata-se da melhor aparição de um dos piores atores de todos os tempos, Jean Pierre Leaud, descoberta de Truffaut, ator preferido de Godard, e importação de Cacá Diegues.

Em exibições especiais, duas obras primas do cinema onde a poesia, ao contrário de Truffaut, não nasce do jogo do dia-a-dia, mas brota da tenebrosa luta pela sobrevivência. Os beats de Sem Destino (Easy Rider), e o faquir de O Profeta da Fome, distantes da coletividade onde Antoine é parte integrante, são matérias para estudos de humanistas e sociólogos preocupados com as razões da marginalização em países tão distantes e tão distantes em seus problemas, e que encontram na economia a origem da natureza que corrompe seus seres. Sem Destino, de Dennis Hooper, mostra seus personagens no refúgio das drogas mais variadas. Em suas motocicletas, os dois heróis correm o país, até New Orleans. Aspiram cocaína, fumam maconha e tomam ácido lisérgico, sob o formato de drops. São massacrados pela coletividade que não entende seu individualismo, e seu senso de liberdade. Como Caçada Humana, talvez mais atual (veja-se a inconcebível brutalidade ocorrida há poucos dias, aqui mesmo em São Paulo, mais precisamente na praça da República). Em Sem Destino a violência nasce em cada lugarejo, gerado pela intolerância de um povo tão desumanizado pela avassaladora tecnologia que venceu sua mirrada personalidade. O Profeta da Fome, de Maurice Capovilla, é felizmente uma alegoria tão evidente como um pontapé na virilha. Uma obra feliz, arrasadora, sobre a infelicidade do subdesenvolvimento. Não é só um filme nacional, é sul-americano terceiro-mundista. Cappo segue onde Los Inundados de Fernando Birri acaba... Sua galeria de personagens decadentes faz parte dos 95% de seres que habitam as plagas equatorianas. Por isso, seu filme é mais importante para o espectador portunhol: uma visão mais ampla desta desconcertante incursão à desgraça humana fica para quando o filme for entregue às salas comerciais. Fica aqui o encômio, e a expectativa de que você, público, não se deixe entregar à digestão de passatempos dominicais, e corajosamente permita que filmes como este lhe enfiem o dedo na goela. Vomitem logo, o Terceiro Mundo vai explodir.

 

O tarado. Uma explosão.

19 de março de 1970

Acabei de ver um filme, em sua primeira cópia, no laboratório. O filme mais ribombante feito no Brasil até hoje. Ritual dos Sádicos, dirigido por um tarado mental, um gênio do escrotismo, o maior homem de cinema já surgido no hemisfério sul, José Mojica Marins. O que o teatro moderno preconizado por Artaud, o cinema subterrâneo, e os movimentos que se pretendem corajosos conseguiram no decorrer destes anos, não chega nem a fazer sombra à importância deste filme único. Ou faremos filmes mais corajosos ou abandonemos definitivamente o cinema! O homem é fulminante. Samuel Fuller, até agora o mais marginal cineasta independente do mundo, vai fazer pipi de tanto medo ao assistir essa bomba atômica. Este filme representa o fim do cinema imbecil, cáustico, fajuto. Filme macho, pagão, desavergonhado. A tela narcotizada. Os gênios, virando bestas, hão de comer capim, depois de assisti-lo. Glauber não existe mais. Sganzerla, com o novo e corajosíssimo Betty Bomba (que já vi), vai voltar pro Jardim da Infância. Ritual dos Sádicos é o primeiro filme didático – próprio para exibições em hospícios, conventos, instituições vocacionais, casas de detenção e de tolerância, festinhas privadas, diretorias de clubes esportivos, festivais de primavera, etc.

Olhem: o tarado me violentou, não vou escrever mais. Assistam ao filme, assim que a censura brindar o espectador brasileiro com um balde de bom gosto (se liberá-la). É uma daquelas coisas que aparecem na vida da gente uma só vez!

 

Um brinde ao hemisfério

7 de maio de 1970

O que o Brasil deve a Felipe Camarão (nome que me invoca desde os tempos de escola), o cinema deve a Sebastião de Souza. Sebastian começou assistindo a Luis Sérgio Person. Hoje, realizando duas fitas de curta duração, prepara-se para entrar no barato do longa-metragem, com um painel desligadíssimo da bichice nacional, intitulado A Tournée de Deus. Suas obras já consumadas podem dar uma amostra do que as telas dos cinemas de arrabalde hão de ejacular. Seu episódio em Em Cada Coração um Punhal parte da famosa canção Coração Materno para bordar em celulóide uma galeria faceira e airosa de personagens campestres em perigosos joguinhos de amor. O idílio campesino é retratado em cores monocromáticas de bordéis do interior. Uma fulgurante frescura, com sabor de eucalipto, paira nessa delicadíssima canção de amor e sangue. Um cavaleiro majestoso volta e meia aparece, dobrando sua mimosa mãozinha. E ao final deste banquete de pétalas todos os personagens brindam o espectador mui respeitavelmente: Próstata!

Depois que resolveram dar uma limpada meio disfarçada nos salões do Itamarati, resguardando desta forma a moral brasileira, esta é a fita que a Pátria Amada merecia. Como muito bem insinua a tradicional música carnavalesca “banana engorda e faz crescer”. O que o filme faz, e muito bem, enganar o gafado espectador que espera levar a melhor, fazendo-o dar uma meia-volta e se entregar.

Apressadamente as poucas pessoas que assistiram ao Transplante de Mãe (título do episódio) tomaram as dores do diretor, dizendo se tratar de uma gozação monstruosa à publicidade. Ora, isso seria renegar à obra a sua maior qualidade: uma sarcástica efeminação do machismo pastoral. Calma, eu explico. Não me interessa que o diretor tenha tido essa intenção, o que é mais importante é o resultado. A bichice exacerbada com que Sebastião calcou sua ortografia posta na película, adornando sua obra com tiras de veludo e esteiras de palha, chega a possuir um caráter didático, cívico. O personagem encarnado magnificamente por John Herbert ama a opulenta mocinha, com todas as pregas por arrebentar. Seu idílio se inicia durante um ato muito particular, e quiçá doloroso. O coração pedido, como prova de amor eterno, faz com que o herói mate a sua família e penetre na eternidade. Mamãe antes de morrer gostaria de ver seu filho anunciando no vídeo o último lançamento da Intim’s. Uma escola de samba com seus onze homens maravilhosos prenuncia a tragédia rural. E a sede interiorana do Clube da Bandeja oferece uma reunião íntima só para entendidos.

Ótimo apanhado dos recalques suburbanos, Transplante de Mãe vai ficar na história do cinema brasileiro como presépio dourado da filmografia paulista.

Adoro seu filme, Sebastian. Adoro! Ronaldo Brandão, crítico mineiro, disse que adorou sem ver, e que vendo gamará na certa. Marco Antonio de Menezes, do JT, vai badalar.

Há muito tempo, o blasé espectador brasileiro merecia essa tocada na sua bandinha. É ferro na boneca de Cuba pra Lua. É soda, seu Sebastian, é soda!

 

Rio, urgente

24 de setembro de 1970

Os cineastas cariocas num barato desesperado. Elyseu Visconti, completamente alucinado terminou Os Monstros de Babalu, uma loucura em cores berrantes sobre a Inconfidência tropical. Rosenberg, com dois filmes presos na censura, Balada da Página 8 e O Jardim das Espumas; este último filmado em um fim de semana tendo como fotógrafo um francês da equipe de Pierre Kast, e mais três atores, entre os quais Labenca, que não cobrou lhufas pelo trabalho. Sarraceni começou a filmar ontem, um longa rápido.

Geraldo Veloso está concluindo as filmagens de seu primeiro filme, que teve alguns probleminhas de trabalho quando Neville Duarte de Almeida, tirou o seu material de iluminação da produção: briguinhas, briguinhas. Falando em Neville, seu segundo filme, Piranhas no Asfalto, já está na Censura. Moisés Kendler, que se tornou um grande Mecenas do cinema, vai montar, até dezembro, um estúdio de som sensacional. Enquanto isso está escrevendo um roteiro interessantíssimo que será levado a Berlim, para possível produção germano-brasileira. David Neves vai mixar seus dois longas: Um Amor de Mulher e Lúcia McCartney, este baseado no excelente conto de Rubem Fonseca, escritor premiado no Paraná. Miguel Faria Jr., satisfeitíssimo com a receptividade de Pecado Mortal em Veneza, onde foi aplaudido durante dez minutos por um público muito exigente. Glauber Rocha, segundo Moisés Kendler, está pensando em distribuir no Brasil seus dois filmes feitos na Europa. O primeiro, Leão de Sete Cabeças, fez polêmica no exterior, o outro, Cabeças Cortadas, desagradou até seus mais ardorosos fãs. Glauber, muito vivo, defende-se: “quis desagradar o público!”. Enquanto isso, duas fitas nacionais batem recorde de bilheteria na Guanabara, que vem provar que o bom gosto não é o forte das massas. Memórias de um Gigolô, uma delas, é uma adaptação do romance de Marcos Rey, filmado num colorido belíssimo por Helio Silva, onde o mau gosto é a tônica geral num tratamento dos mais sórdidos já vistos. Essa qualidade, se é que se pode chamar de qualidade, atinge o ápice com o aparecimento da Miss Guanabara 69, que é o maior show de estética contrastando com o picaresco do filme. Algo na linha de As Escandalosas, um pouco abaixo porque o filme de Miguel Borges é fascinante, deve ser visto com olhos de malícia e humor. O outro estouro de borderô é Ascensão e Queda de um Paquera, extraído de uma peça de Paulo Silvino de grande sucesso, surpreendentemente bem conduzido por Victor di Mello, do péssimo Os Maridos Traem, as Mulheres Subtraem, mas uma horrorosa fotografia de Afonso Vianna. Nos dois filmes, um pé quente de muito talento, Cláudio Cavalcanti

 

“Algo de novo surgirá!”

04 de fevereiro de 1971

Já dizia Jairo Ferreira. E agora o esquema boca-do-lixo não me interessa mais. Creio que nem aos leitores. Pretendia fazer com o titular da coluna (quinta?) um filme anarco-libertário, inspirado em alguns episódios da vida de Rimbaud, com gente comendo caca, travestis parindo maçãs, paranóicos vendendo gangues e profetas morrendo de acne. Pretendia, com um capital mínimo, realizar um suicídio público (Orgia o que é?). Cheguei à conclusão que não seria tão público assim. Nosso filme seria montado durante a filmagem. O público iria pela primeira vez se deliciar com veios de luz, starts, pontas brancas e pretas e claquetes elegíveis. O Percival, na produção, dormiria na Kombi enquanto filmávamos: o material de cena, atores secundários seriam muito secundários para serem aproveitados. Marins, Zé Carlos, Maria do Rosário entrariam em cena sem ensaio e sem mais nada. Minha cupinchada da Álvares Penteado ia meter o bedelho quando quisesse. Os letreiros seriam apresentados em braile. Gostaria que a Odil botasse meus títulos no pau, pra ter que me mandar do hemisfério. Levaria o produto legítimo para os desertos da Abissínia, para as feras da Europa. Andaria com Bill Foster e o Novaes Teixeira de braços dados em Montparnasse, até que o último batesse com as dez. Fugiria pro Marrocos, onde com Trevisan realizaríamos filmes para a televisão libanesa. Terminaria meus dias como andarilho, esbarrando o estômago contra as costelas, fumando cachimbos da paz e afagando cabelos de lindas princesas vambesis, até pifar de febre em pleno sono acordado. Meu último desejo seria rever Scarface. Beberia, por fim, cicuta on the rocks.

Porque amo Rosa Maria vou ficar no Brasil, fazendo filmes de consumo rasteiro. Para não abandonar o Jairo, o Percy, a Billy e o Tre vou filmar o Ronnie Von com a 150. Recuso-me retirar da seringa. Continuarei escrevendo no Shimbun. Inicio numa semana um filme na linha surf-beat. Antes de me lançar como comediante vou apelar aos lencinhos das velhas senhoras. Nus ficaremos, longa em gestação, não é um projeto adiado. Entrarei nos coquetéis de Summer, e prometo começar a beber como manda o Marcelino Pão e Vinho. Isso tem que fazer parte do meu futuro público. Aproveitarei para ler Marcel Cappa e Brigitte Bijou. Escreverei um romance intitulado Te Cuspo na Cara, plantarei árvores de natal e ano bom, e abrirei uma conta na maternidade do meu bairro. Apadrinharei debutantes imaculadas, fumarei cigarros americanos e entrarei para o Lions Club. Colecionarei moedas, selos, conchas e borboletas.

“E se Pedro Segundo vier aqui com história, eu boto ele na cadeia, sô!”

 

O obsceno revisitado

01 de abril de 1971

Quando filmou Canalha em Crise, Miguel Borges não esperava criar uma tendência saudável e revolucionária, anos mais tarde, no cinema paulista. Três anos preso na Censura, o filme perdeu o caráter pioneiro em sua primeira visão no Cine Paissandu. A estória de marginais, políticos e jornalistas se deglutindo em salões de bilhar, apartamentos fechados e becos imundos, formavam um painel sórdido e angustiante do basfonds cariocas. Os seios inundados de pintas pretas de Maria Gladys ocupavam um oitavo do filme. Cafajestes, picaretas, gângsteres, malandros, desocupados, impotentes, prostitutas, ninfomaníacas e tarados – são personagens que Borges cultiva com sádico carinho em seus filmes maiores. No recente As Escandalosas, a confirmação do talento do cineasta. As ligações perigosas de um rufião portenho-brasileiro com uma marafona afrancesada têm muito mais de nacional que certos cangaceiros brechtianos. Os citados filmes não vão buscar em movimentos renovadores estrangeiros este ou aquele tipo de apreciação crítica. Por isso eu gosto mais de A Mulher de Todos do que de O Bandido, do Rogério. Por isso meu Alice (As Libertinas) é mais curtido que Os Picaretas do Sexo. Por isso O Filho da TV é mais importante que Gamal, do Batista. Por isso Amor 69 é melhor que Angélica (As Libertinas), do Lima. E é por isso que gosto dos filmecos do Flávio Migliaccio (Os Mendigos e Os Caras de Pau).

Aí começo a discordar do artigo de Flávio Moreira da Costa sobre o cinema underground publicado no Filme e Cultura, 16, Diz ele: “Em 1970, as contingências históricas (intensificação do protesto da juventude, surgimento de novas gerações e eclosão de crises políticas em que todos os países etc.,) obrigaram a um reexame da situação; o underground passou a ser uma saída viável”.

...Viável sim, não essencial. Esse underground colocado por ele, em contraponto à indústria de filmes, seria a opção necessária. O marginalismo redentor. Acontece que o artigo propõe as atitudes tomadas por Godard, Straub, Garrel e outros gringos que têm atrás de si uma organização, por assim dizer, exploradora de filmes malditos. Os filmes destes senhores se pagam em Paris, Itália, Inglaterra, EUA, países que já possuem uma larga margem de espectadores que consomem cinema subterrâneo. Como exportar nossos filmes marginais, se a Censura não carimba LIVRE PARA EXPORTAÇÃO em seu certificado?

Jardim de Guerra, Barão Olavo, Perdidos e Malditos e tantos outros conseguirão ser exibidos no

Brasil? Certo estava Rogério, na cola do sucesso comercial de As Libertinas. Certos estão Márcio e Ana Lúcia de Souza realizando Delírios Eróticos. O cinema brasileiro está tão desinteressante quanto a ópera. Trevisan no Rio, saiu durante a projeção de um filme underground de saco cheio, de tanto negativo gasto com bobagens colonializantes. A meleca é que o pessoal acredita naquilo que está fazendo. Não troco por nada o triste depoimento dos mambembes de Flávio em Os Caras de Pau, por metade deste cinema pseudomarginal. Fico com A Ilha dos Prazeres Extremos, a invés da Boca wellesiana do primeiro Sganzerla. Renego a minha Paula Nelson a favor de Lílian M. que não cita ninguém, preferindo a reflexão das sarjetas da rua Aurora. Depois de ter reencontrado Ângela carne e osso, vou deixar de ser um falido transatlântico para me tornar nudista profissional.

Canalha em Crise está para o Brasil, assim como Intolerância para os EUA. A Mulher de Todos é o Cidadão Kane nacional. O sórdido ou obsceno não é mais um estilo; no momento é o método.

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